...eu não sei mais como lhe dar com tanta coisa...
Agora pouco , deitada , querendo durmir porém sem sono, parei pra pensar em
Como as coisas eram bem mais marcantes antes.Antes da adolescência...na infância.
Cada dia que se passava , uma história me construia...
O clima cabia certinho para cada estação.
Me lembrei que eu acompanhava as folhas secas cairem no Outono e
As flores desabrocharem na Primavera...das horas e horas na piscina durante o verão
Enquanto o cheirinho de frango assado que a minha mãe preparava para o jantar tomava conta da casa inteira.
Casa esta que passou por tantas reformas e eu acompanhei passo a passo conforme crescia.
E
quando havia quintal , eu com os meus 4 anos de idade , corria atrás
das galinhas e de seus pintinhos.Pegava seus ovinhos chocados e os
ajudava a nascer...
Como a vida muda...
Hoje em dia cheguei a
me perguntar qual o sentido da minha existência...pensar que crescer é
um pouco disso, deixar todas as coisas boas e lembranças para trás, para
uma nova vida que você ainda terá que construir...
E nada é tão fácil como parece.
E não, nada mais faz sentindo.
Não há mais Outono , no Outono, nem a Primavera na Primavera...
Só existe tristeza , cobranças,e meu Inverno particular que prevalesce com chuvas de lágrimas...
Discordia, Injustiça ... num mundo que antes eu pensava ser mágico , que tem se tornado cada vez mais
infiel à maneira que o enxergava...
Nada mais é bonito diante dos meus olhos, e eu sinto falta da inôcencia que me cobria todas noites antes de durmir...
Sinto falta das coisas que eu não sabia antes ,e que agora eu sei...sinto falta de não saber.
Eu
ainda tenho na memória a cena do meu pai me levando para passear,como
um filme em câmera lenta.Ele me comprava balões lindos e coloridos para
que eu ficasse admirando suas cores enquanto ele me carregava sobre os
seus ombros ... e agora chove.
Chove dentro de mim, lembrar do
cor-de-rosa do algodão doce que meu pai me presentiava.Este tinha o
néctar da infância que eu esperava que durasse a vida toda.
Chove
dentro de mim agora , e dói cada gota de lágrima que transborda trazendo
junto as duras palavras que hoje recebo ao em vez de balões e algodão
doce.As coisas que eu nunca pensei ouvir deste que tanto amei.
Chove,quando eu penso que já não há mais esperança.
Chove
quando me recordo da mágia dos Natais de antigamente, quando a minha
mãe transformava a casa na Cidade do Natal.Me lembro criança a enxergar o
meu reflexo nas bolinhas vermelhas e azuis de vidro na árvore,que na
época era maior do que eu...as músiquinhas dos cartões embalavam a minha
imaginação serelepe, o sapatinho na janela que deixava a expectativa
pelo meu presente naquela noite...era tudo lindo e sim , mágico.E hoje
chove...Em pensar que não abrimos mais sorrisos ao abrir presentes e não
há mais a alegria em enfeitar uma árvore nesta data...não há mágia, não
faz sentido.Não existe mais Natal.
E não,eu não tenho mais fé...Deus, me desculpe, mas eu perdi a fé também.
Como
posso acreditar que pra tudo isso que me ocorre, tudo isso que amei e
perdi , tudo isso pelo que chove dentro de mim ,existe alguém superior a
todas as coisas que não se encaixam mais ?
Não existe mais...
Nada faz sentido.
Não tem "porque"
E não existe fé.
Agora,
Vivo todos os dias sem sentido.Vivo porque estou viva.Vivo por viver...